27 de mar. de 2011

MAIS UM MODELO DE ARTIGO DE OPINIÃO

A população terá de esperar: Ficha Limpa só valerá para 2012

Cidadão Indignado

Como nada mais me surpreende em se tratando de Brasil, não fico nenhum pouco decepcionado pelo fato de a Lei da Ficha não valer para 2010. Essa manobra não está em nada diferente das muitas existentes ao longo dos anos, que apenas ratificam a passividade em que vive nosso povo, acostumado e conformado com as estratégias legislativas para beneficiar aqueles que ostentam algum prestígio adquirido pelos cargos ocupados.

O voto decisivo foi dado pelo Ministro Luiz Fux, para sacramentar um julgamento que se iniciou ano passado e foi dado como empatado pela vacância - vejam só - de uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, pela falta de indicação do então Presidente Lula de uma pessoa para ocupar o posto. Muito bem arquitetado esse plano - tenha sido pelos homens da Lei, tenha sido pelo destino. O fato é que isso cria uma situação problemática, já que muitos candidatos que foram diplomados poderão interromper seus mandatos já iniciados, depois do resultado da votação, a qual terminou em 6 x 5 contra a validade nas eleições de 2010.

O ex-Governador Cássio Cunha Lima que, pela indefinição da Lei, ficou aguardando o julgamento, por exemplo, poderá agora assumir o comando da Paraíba mais uma vez. Não importa se o que ele fez está ou não comprovado, não cabe a essa Lei julgar tal mérito pois ela não tem efeito retroativo, vale na data de sua sanção e publicação. Para as futuras eleições, mais especificamente se iniciando por 2012, é que, conforme nos prometem, a legislação passará a vigorar. Enquanto isso, a população, já cansada e desesperada, terá de aguardar "mais um pouquinho" para ver os corruptos impedidos de se candidatar. Ou seja, atos inescrupulosos foram simplesmente "apagados" numa forma de descompromisso com a cidadania.

Isso nunca será novidade no Brasil, essa obediência de um "povo marcado" como um "gado novilho" (expressões tão bem cabíveis aqui, nas palavras de Zé Ramalho). E o povo não tem tanto direito de reclamar, pois se houve irregularidades por parte de alguns candidatos, muitos deles conhecidíssimos por suas "travessuras", o eleitor deveria - ele - tratar de puni-los. Não existiria castigo maior do que esses personagens serem preteridos pelo votante, porque assim, não haveria necessidade de confiarmos o futuro de uma nação à decisão de 11 ministros do Supremo, os quais jamais sofrerão qualquer impacto pela má condução da coisa pública.

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